domingo, 1 de dezembro de 2013



A Importância da Educação Infantil para o Amplo Desenvolvimento da Criança

Autor: Aline Alencar S. Moura, Roziane dos Santos Gonçalves e Valéria Assunção Lima
Data: 26/12/2011
RESUMO:
Este artigo pretende analisar a importância da Educação Infantil para o amplo desenvolvimento da criança, considerando o verdadeiro papel da escola no processo educativo. Para tanto realizou-se um estudo bibliográfico de caráter qualitativo, fundamentado em Áries (1981), Freud (1973), Piaget (1974), Antunes (2004) e Hermida (2007); com o objetivo de esclarecer e discutir como deve ser o trabalho na Educação Infantil, de maneira que possibilite a criança desenvolver-se plenamente.
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a importância da educação escolar para o desenvolvimento da criança, considerando que a Educação Infantil é uma etapa relevante na medida em que proporciona na criança desenvolver-se integralmente em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.
Dessa forma, fez-se um estudo bibliográfico buscando analisar qual a contribuição da escola para o processo de formação da criança, pois esta necessita de orientação adequada de maneira que possibilite uma aprendizagem saudável e significativa. Sendo assim, cabe ao educador interagir com as crianças, orientar sua aprendizagem, bem como atendê-las de forma adequada, respeitando sua forma de ser e agir no mundo. Desse modo, segundo Vygotsky (1989, p.148 apud HERMIDA, 2007, p.285)
as experiências e as trocas afetivas são fonte de desenvolvimento. É através da experiência social mediada pelo outro, nas diversas situações de convívio social da qual participa, que a criança aprende parte significativa das ações e conhecimentos necessários para sua inserção no mundo.
Nesse sentido, é fundamental que o educador oportunize experiências estimuladoras que possibilitem a criança construir seu próprio conhecimento, considerando suas características e diferenças étnicas, religiosas, econômicas e todas as suas necessidades específicas. Portanto, compete ao ensino infantil considerar que as crianças são diferentes entre si, implicando assim em uma educação baseada em condições de aprendizagem que as respeitem como pessoas singulares.
Sabe-se que fora da escola os alunos não têm as mesmas oportunidades de acesso ao conhecimento. Nessa perspectiva, baseando-se em estudos de Áries (1981) busca-se refletir sobre a importância da Educação Infantil para a progressão da infância; em Freud (1973) e Piaget (1974) para a compreensão das fases do desenvolvimento infantil, as quais devem ser levadas em consideração; e ainda Antunes (2004) e Hermida (2007) para o entendimento de como deve ser o espaço ideal para que a criança alcance os objetivos que dela se esperam.
A INFÂNCIA E A EDUCAÇÃO INFANTIL
O período que se estende da gestação até os seis anos de idade é considerado o mais importante para o desenvolvimento da criança, pois é nessa fase que a criança estabelecerá suas conexões com o mundo, corroborando esta afirmativa Antunes (2006, p. 9) declara que a criança "precisa desenvolver-se plenamente nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social, por meio de uma educação bem estruturada que atenda as necessidades da criança", porém essa relevância não foi sempre considerada ou mesmo conhecida, pois durante muito tempo a criança não era reconhecida como um ser que precisava de cuidados e educação específicos para a sua faixa etária e para cada fase do seu desenvolvimento.
Até o período da Idade Média a criança era vista como um adulto em miniatura, um ser que precisava ser treinado para suas atividades quando alcançasse a idade mínima para tal. Até mesmo suas roupas eram semelhantes às roupas dos adultos, e como destaca Ariès (1981, p.32), "a diferenciação das vestes objetivava apenas manter visíveis os degraus da hierarquia social". A presença da criança nas obras de arte, ao serem retratados nos momentos familiares, junto a outros adultos, brincando ou presente nas cenas da crucificação, segundo Ariès (1981, p.21) sugere duas ideias:
primeiro a de que, na vida cotidiana as crianças estavam misturadas com os adultos, e toda reunião para o trabalho, o passeio ou o jogo reunia crianças e adultos; segundo, a idéia de que os pintores gostavam especialmente de representar a criança por sua graça ou por seu pitoresco.

Dessa forma, expondo a criança como um ser que não possuía características e valores próprios que fossem dignos de respeito e por isso eram tratadas como uma subclasse que antecedia tornar-se humano, como um animal irracional que a partir do momento que tivesse suas faculdades físicas amadurecidas seria considerado como um indivíduo racional.
Ao considerarem-se os estudos relativos à infância, Ariès (1981) afirma que apenas no século XIII começaram a surgir representações da criança que se aproximam do sentimento moderno; a criança anjo representada pelo menino que era educado para ajudar na missa, o Menino Jesus ou Nossa Senhora menina que já trazia algum sentimento específico pela infância e a criança nua representando a pureza e alma que era entregue a cada pequena e nova criatura. Pois até o século XII a ausência da criança nas representações artísticas denuncia que, a criança tinha tarefas e obrigações que lhe preparavam para a vida adulta desde muito cedo, e dessa forma não havia preocupação nem espaço para as fases específicas da infância, pois a infância não passava de mera transição para se modelar ao que se esperava do futuro adulto. Na mesma obra, Ariès (1981, p. 99) ressalta que o fato de não existir um sentimento pela infância
não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem.
Não era atribuído nenhum significado específico a infância, e ainda as crianças menores, não eram levadas em consideração pelo fato de terem uma vida muito frágil devido os altos índices de mortalidade infantil. Ariès (1981, p. 100) complementa: "Assim que a criança superava esse período de alto nível de mortalidade, em que sua sobrevivência era improvável, ela se confundia com os adultos", e então passava a desempenhar as atividades que já se esperavam dela.
Na Idade Moderna, com o advento do Iluminismo, percebe-se uma mudança na concepção da criança, especialmente nas classes mais elevadas: a criança passa a receber maior atenção e cuidados específicos e direcionados para suas necessidades que começam a ser percebidas como diferentes das necessidades dos adultos. Os registros históricos apontam que a criação das primeiras instituições para crianças datam do século XIX, e Friedrich Froebel que viveu no período de 1782 a 1852 foi o fundador dos primeiros modelos de jardim de infância, utilizando jogos e brincadeiras no aprendizado infantil.
Ao se criar um elo entre as representações infantis e o conhecimento concreto; segundo os estudos de Ferrari (2008), Froebel defendia ainda que quanto mais ativa é a mente da criança, mais ela é receptiva a novos conhecimentos, assim considerando os sentidos da criança, o contato que ela cria com o mundo e respeitando os estágios de capacidade de aprendizado e suas características específicas é que deve ser o ponto de partida para o ensino.
A princípio, a educação infantil desempenhou um papel mais de assistencialismo, como afirma Heidrich (2010, p. 01), dizendo que no Brasil esse período "perdurou por quase um século e só perdeu força quando a Constituição de 1988 tornou o segmento um dever do Estado e fortaleceu seu caráter educativo", não só no Brasil, mas em todo o mundo a ideia de assistencialismo ganhava força, como salienta Kuhlmann Jr. (2000, p. 14):
A concepção da assistência científica, formulada no início do século XX, em consonância com as propostas das instituições de educação popular difundidas nos congressos e nas exposições internacionais, já previa que o atendimento da pobreza não deveria ser feito com grandes investimentos. A educação assistencialista promovia uma pedagogia da submissão, que pretendia preparar os pobres para aceitar a exploração social. O Estado não deveria gerir diretamente as instituições, repassando recursos para as entidades.
Assim, as primeiras escolas já surgiam com o objetivo de manter as classes subordinadas no patamar em que estavam recebendo apenas assistência básica para que os pais das crianças pobres pudessem continuar trabalhando para manter o alto nível econômico da classe dominante.
No século seguinte, devido a mudanças estruturais na sociedade ocasionadas pela Revolução Industrial, a mulher passou a compor o mercado de trabalho, e desta forma houve uma crescente necessidade de se aumentar o número de escolas já que as mães não mais poderiam cuidar de seus filhos em tempo integral, necessitando assim de um auxílio do governo para contar com escolas que cuidassem bem de seus filhos, dessa forma Kuhlmann Jr. (2000, p. 11) expõem que
As instituições de educação infantil tanto eram propostas como meio agregador da família para apaziguar os conflitos sociais, quanto eram vistas como meio de educação para uma sociedade igualitária, como instrumento para a libertação da mulher do jugo das obrigações domésticas, como superação dos limites da estrutura familiar. As idéias socialistas e feministas, nesse caso, redirecionavam a questão do atendimento à pobreza para se pensar a educação da criança em equipamentos coletivos, como uma forma de se garantir às mães o direito ao trabalho. A luta pela pré-escola pública, democrática e popular se confundia com a luta pela transformação política e social mais ampla.

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